ARISTÓTELES CALAZANS SIMÕES

Baiano de Salvador, onde nasceu em 1907, Aristóteles Calazans Simões conviveu com a medicina em família: seus irmãos, Juliano e Elísio, também exerceram a atividade como oftalmologistas em Aracaju e na capital baiana respectivamente. Em 1925, A. C. Simões iniciou seus estudos superiores na Faculdade de Medicina da Bahia, tendo como colegas de turma os alagoanos José Muniz de Melo (que o convidou para clinicar em Maceió), Albuquerque Lins, Théo Brandão e Mariano Teixeira.
Após a graduação no ano de 1929, o navio “Itapinhy” trouxe A. C. Simões para Maceió, onde desembarcou na noite de 11 de maio de 1930 em meio a intenso temporal. Quatro dias depois o novo médico instalava-se em seu primeiro consultório, à rua Boa Vista, número 111, mudando-se em 1933 para o prédio de número 131 na mesma rua, onde permaneceu durante treze anos. Em 1946 transferiu-se para a praça Deodoro no número 349, e finalmente, para o Edifício Maceió na rua do Livramento, onde clinicou de 1958 a 1992. Ao todo foram sessenta e dois anos e quinze dias de consultório, a maioria deles atuando nos dois horários.
Logo depois de chegar a Maceió, A. C. Simões foi indicado para adjunto do professor Joaquim Neves Pinto na Santa Casa, atuando nesta função até 1933. Na mesma instituição naquele ano, foi criado sob sua chefia, o serviço de otorrinolaringologia. Anos mais tarde foi designado diretor médico da instituição, e entre seus feitos está a criação do primeiro serviço de “pronto-socoroo” do estado. Ao todo, A. C. Simões trabalhou na Santa Casa de 1930 a 1962, desenvolvendo um autêntico sacerdócio, uma vez que não recebia qualquer remuneração.
Com mais quinze médicos, A. C. Simões foi um dos fundadores, em 1950, da Faculdade de Medicina de Alagoas, onde assumiu a cadeira de Oftalmologia e lecionou regularmente durante onze anos. Depois de intensa luta junto ao Congresso Nacional e ao Ministério da Educação, conseguiu fundar a Universidade Federal de Alagoas, sendo designado seu primeiro Reitor em 1961 e ocupado esse cargo até 1971. Quando saiu da faculdade para a Reitoria, ficou em seu lugar na cadeira de Oftalmologia, o cearense Oceano Carleial, a quem coube a importante missão de interiorizar a especialidade em Alagoas.
    Em entrevista à Allan Barbosa, então presidente da Sociedade Alagoana de Oftalmologia, no ano de 1999, A. C. Simões destacou com entusiasmo o avanço da oftalmologia alagoana. Naquela data estávamos finalmente nos igualando aos centros mais avançados do sul do país, e a facoemulsificação, juntamente com o implante de lentes intraoculares, as cirurgias de descolamento de retina, e a utilização dos LASERS (Yag e Argônio) já eram uma realidade entre nós.
Ao longo de sua carreira médica, Simões conviveu e fez sólida amizade com os colegas de especialidade: Neves Pinto, Moura Resende, José Lyra. Olavo Omena, Arthur Brêda, Dario Ramos e os irmãos Oceano e Papiniano Carleial. Tinha com todos eles excelentes recordações, muito carinho e respeito profissional.
À este soteropolitano de nascimento, e alagoano de coração, o ensino superior e a medicina de Alagoas muito devem. A. C. Simões faleceu aos 96 anos vítima de aneurisma em 2004 deixando aos seus filhos Dilton (Engenheiro e ex-prefeito de Maceió), Dilson (Médico Urologista) e Dilma, o legado de uma trajetória vencedora de liderança e profissionalismo.